terça-feira, 29 de março de 2011

Deputado ultra-direitista diz que se apaixonar por negra é "promiscuidade"

O deputado ultra-direitista Jair Bolsonaro do PP do Rio de Janeiro mostra as garras de novo. O mesmo que já defendeu inúmeras vezes a ditadura militar brasileira e que já defendeu que crianças homossexuais sejam tratadas a pancadas agora decidiu atacar a população negra. Em participação em um quadro no programa CQC nessa segunda-feira (28/03) o deputado insinua que consideraria uma "promiscuidade" se o filho dele se apaixonasse por uma negra. Confira:



Sim, um cara como esses é um deputado federal eleito...

segunda-feira, 28 de março de 2011

Entrevista com estudante da Unipampa expulso do RS por policiais racistas

Complementando a matéria anterior, entrevista com Helder Santos, estudante expulso Rio Grande do Sul por agressões racistas e ameaças de morte de policiais da Brigada Militar. Helder estudava na Unipampa de Jaguarão -RS. A produção é do Coletivo Catarse:



Veja também uma reportagem da mídia corporativa:

Estudante baiano é expulso do RS por ameaças racistas de PMs

"Essa semana foi marcada pela exposição, na mídia, de cenas e reportagens que envolvem a Polícia Militar que fazem os anos de chumbo da ditadura militar parecerem brincadeira. Uma das imagens mais chocantes mostra policiais do Amazonas atirando a queima roupa em um jovem desarmado e implorando pela vida. Até o caso vir a tona, o alto escalão da PM do Amazonas se limitou a proteger os envolvidos e ocultar essa ocorrência da sociedade. Outras matérias mostraram um policial usando spray de pimenta em uma criança de colo, durante um protesto de moradores que habitavam o Morro do Bumba, em Niterói, onde morreram 47 pessoas durante as chuvas. Ontém veio a tona o caso do estudante de História Helder Santos, que é baiano e está estudando na Unipampa, no Rio Grande do Sul, e foi vítima de agressões policiais por motivações racistas e agora ameaças de morte" (Comentário retirado desse blog)
O estudante Helder Santos, 25, não vai trazer na bagagem de volta à Bahia o diploma do curso de história da Unipampa, no Rio Grande do Sul. Ele foi obrigado a abandonar o curso no 3º semestre e deixar a cidade de Jaguarão, no sul do estado, após sofrer ameaças de morte em cartas supostamente enviadas por policiais da Brigada Militar da cidade. Helder denunciou ter sido vítima de racismo e agressão por policiais da Brigada.

Assista a uma entrevista com o estudante

A primeira carta anônima chegou à casa do estudante de Feira de Santana após ele denunciar na Corregedoria da Polícia e na rádio local que tinha sido agredido e chamado de 'negro vagabundo' ao tentar defender um amigo de uma abordagem policial. Helder foi agredido na barriga e no ombro por um dos policiais e em seguida detido acusado de desacato.

Veja o parecer da Brigada Militar sobre o caso.
Leia declarações da promotora que disse que não existe racismo na polícia de Jaguarão.
Veja as ameaças feitas a ativistas que denunciaram o caso

Carta ameaçando o estudante (fonte)
Se a primeira carta aconselhava o estudante a deixar a cidade para sua própria segurança, a segunda assustou Helder pelo conteúdo e pelas ameaças. "Eram muito agressivos, me chamavam de 'baiano fedido', 'nego sujo', 'volta pra tua terra, baiano'. Pensei que se levasse as cartas à público eles não tentariam fazer nada contra mim", contou o estudante.

Em um dos trechos, o texto diz: “Se tu for lá na Brigada e falar a verdade e me caguetar no meu processo, eu vou te cobrir de porrada. No carnaval, tu escapou, mas dei um jeito de embolachar teu amiguinho Seco Edson sem sujar as mãos. Deixamos a cara dele mais feia e preta que a tua, seu otário”.

Após as denúncias, as ameaças aumentaram. "Eles começaram a passar na porta da minha casa com a viatura ligada, várias vezes ao dia. Passavam bem devagar e, no início pensei que era apenas para me intimidar", contou o estudante de Porto Alegre, para onde se mudou após as ameças.

O estudante deve voltar à Bahia na próxima semana e tenta transferência para outra universidade. "Vou tentar me transferir para a Universidade Federal do Recôncavo. Estou na casa de um amigo esperando alguma posição".

O caso está sendo investigado pela Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, ligada à Presidência da República, e pela Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público do Rio Grande do Sul. Procurado pelo CORREIO, o comandante da Brigada Militar de Jaguarão, major José Antônio Ferreira, não foi encontrado para dar esclarecimentos sobre a acusação e não retornou às ligações.

"Eu estava concretizando tantos sonhos, minha casa estava toda mobiliada, minha vida estava toda estruturada. Deixei a Bahia só para estudar, fiz 'Livro de Ouro' para juntar dinheiro, passei listinha entre amigos que me ajudaram a comprar a passagem. Comecei a trabalhar na prefeitura, atuava com um trabalho voluntário na comunidade quilombola, com os presos, e estou saindo daqui sem nada", disse o estudante por telefone.
Fonte: http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-2/artigo/estudante-baiano-abandona-universidade-apos-denunciar-agressao-e-racismo-de-pms/

Repercussão

O caso está sob análise da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, ligada à Presidência da República, e da Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público gaúcho. A Brigada Militar tem duas sindicâncias em andamento contra um soldado, um sargento e o comandante da BM de Jaguarão, major José Antônio Ferreira.

O major disse que houve “sensacionalismo” e afirmou que está apurando o que aconteceu. No entanto, o secretário Estadual de Justiça e Direitos Humanos, Fabiano Pereira, afirma que a denúncia é grave e será alvo de atenção da pasta. Ele designou duas equipes, uma de investigação e outra de proteção, para a cidade de Jaguarão.

Na Capital, Santos será enviado para um abrigo de acolhimento provisório. Depois, vai voltar para a Bahia. “Eu não sei nem o que falar, porque eu vim pra cá com tantos sonhos, já estava concretizando alguns deles trabalhando como estagiário de história na prefeitura, e vou ter que abandonar tudo e retornar para casa”, lamentou ele, em entrevista à Rádio Guaíba.

Santos é o primeiro integrante da família a iniciar formação universitária, mas corre o risco de ter de parar de estudar, caso o Ministério da Educação não consiga sua transferência para uma universidade no Nordeste.

Fonte: http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/?Noticia=272654

terça-feira, 22 de março de 2011

Raça Humana - Documentário sobre cotas raciais da TV Câmara

Um interessante documentário produzido recentemente pela TV Câmara sobre o processo de implementação de cotas raciais na Universidade de Brasília, um dos primeiros sistemas de cotas do Brasil. O documentário tem o mérito de dar voz às diferentes opiniões envolvidas, e assim contribuir para avançarmos no debate, desenvolvendo argumentos mais sofisticados.


Gostaria muito que as(os) leitoras(es) do blog comentem com sua opinião sobre o assunto.

Baixe o documentário em alta resolução no site da TV Câmara.

domingo, 20 de março de 2011

Comemoração do Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial

Em cima mas ainda em tempo. Espero que alguém veja:

No dia 21 de março a Secretaria Estadual de Educação, através do Setor Pedagógico/ Equipe Diversidade estará dando continuidade a implementação de políticas públicas educativas do Estado, desenvolvendo um dia de atividades teóricas e práticas, reunindo artistas, intelectuais, comunidade negra, indígena, e funcionários, para colocar em relevo esta data simbólica internacional, contribuindo na recontagem histórica da participação dos negros e indígenas, implementando em sua práxis, as leis 10.639/03 e 11.645/08.
Este dia de atividades é o resultado da Comissão da Diversidade do Departamento Pedagógico da Secretaria de Estado da Educação (SEDUC), movimento negro, outras secretarias de Estado, e sociedade civil.

As ações serão desenvolvidas na Secretaria Estadual de Educação, na Avenida Borges de Medeiros, 1501, plataforma.

Haverá programação desde às 8h30min da manhã, com recepção dos religiosos de matriz africana e com capoeira. A abertura oficial será às 9 horas com a presença de autoridades saudando o evento em nome da Educação no Estado, Fórum de Educação e representantes dos movimentos sociais. Teremos a interpretação dos seguintes hinos: o Hino Nacional, o Pan-Africano e o Hino Rio-grandense . Presença dos grupos Ganga Zumba, Canta Brasil e do Coral dos funcionários da Secretaria da Educação, chamado Cantoria. Na tarde, a partir das 14 horas, teremos: Hip Hop com Preta Michelini, dança indígena, Hora do Conto para crianças presentes, entrega do Estatuto da Igualdade Racial pelo Senador Paulo Paim, apresentação artística de violão com Wagner Canabarro e poesias com Juarez e Tussile, show com o cantor Dante Ramon Ledesma e para encerrar, apresentação do grupo show da Escola de Samba Estado Maior da Restinga.
Durante o evento, serão projetadas imagens no telão, de lideranças negras e indígenas. Contará, ainda, com uma exposição afro-indígena com mais de 20 mesas apresentando artesanato e produtos diversos.
Lembramos que a PROCERGS estará transmitindo simultaneamente este evento, na parte da manhã, para todas as Coordenadorias de Educação do Estado.


Histórico

No dia 21 de março de 1960 na África do Sul, na cidade de Johannesburgo, mais de 20 mil negros protestavam contra a lei do passe, que os obrigava a portar cartões de identificação, especificando os locais por onde eles podiam passar. O resultado deste protesto originou um saldo de 69 mortes e 186 feridos.
Esta ação ficou conhecida como o Massacre de Shaperville. Para trabalhar questões de discriminação racial e todas as formas correlatas de intolerância no mundo. Portanto, a (ONU) Organização das Nações Unidas instituiu 21 de março como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.

Serviço:

O que? Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.
Quando? Dia 21 de Março, segunda-feira.
Hora? 8h30min às 18h00min
Quanto? Gratuito
Local? Secretaria Estadual de Educação - Avenida Borges de Medeiros, 1501- Plataforma
Informações? E-mail: educ-afro@seduc.rs.gov.br

segunda-feira, 7 de março de 2011

Carnaval e a "união das raças" à brasileira

A edição capa da Carta Capital dessa semana retoma um tema do racismo, a pretexto do ideário da democracia racial que é reforçado em tempos de carnaval. Na belíssima capa (abaixo) está estampada a provocativa frase: "O carnaval vai de novo celebrar a 'união das raças', mas não se iluda: nunca foi tão profundo o fosso entre a segurança de brancos e negros. De cada 3 assassinados, 2 têm a pele preta."

Na versão on-line da revista podem ser conferidos 3 artigos sobre racismo. No editorial Mino Carta dispara "Será possível constatar que afora o devaneio de alguns poetas e a reflexão de alguns pensadores, o maior problema do Brasil, a desigualdade gerada pela escravidão, nunca foi enfrentado com o ímpeto e a determinação necessários". Em um trecho do artigo de Cynara Menezes, um vislumbre do recorte racial da violência no Brasil. Por fim, uma nota sobre a demissão do estilista inglês John Galliano por suas declarações anti-semitas.

Mais uma boa dica do Coletivo Catarse.

terça-feira, 1 de março de 2011

Quilombolas ocupam o Incra por titulação em Morro Alto

Fonte: Coletivo Catarse: Quilombolas ocupam o Incra por titulação em Morro Alto

Desde as 10h de ontem, cerca de 40 quilombolas estão na sede do Incra, em Porto Alegre, para pressionar pela titulação do Quilombo de Morro Alto. Esta é uma das comunidades pioneiras na luta quilombola no Brasil. No início da década de 60, Manoel Chico (o mais idoso quilombola da comunidade e também presente no Incra neste momento. o segundo na foto a partir da esquerda) foi preso político em virtude de liderar mobilizações para o resgate de suas terras.

No século 19, Rosa Osório Marquez deixou em testamento sua fazenda para 24 escravos. Mas o estado brasileiro não cumpriu a lei e assentou famílias de imigrantes em parte dela.

A partir do ano 2000, a comunidade entrou com processo no Ministério Público Federal requerendo o reconhecimento e titulação do território. Hoje, também reivindica indenização pela duplicação da BR 101, que avança sobre a área em que vivem.

O INCRA demora para publicar o relatório técnico de identificação no Diário Oficial da União, o que assegurará a titulação, e que está prometido para acontecer desde agosto de 2009.

Os quilombolas e integrantes de movimentos sociais aguardam no Incra a presença do procurador que pediu vistas ao processo, o que está emperrando o trâmite para que as terras sejam regularizadas em nome de seus legítimos donos.

Nas fotos, quilombolas e superintende do Incra no RS conversam ontem pela manhã.

Aqui, vídeo que o Coletivo Catarse produziu recentemente sobre a situação do quilombo de Morro Alto: